terça-feira, 9 de agosto de 2016

Histórias do Paraná - A maioridade da mulher paranaense

Histórias do Paraná - A maioridade da mulher paranaense

A maioridade da mulher paranaense
Alzeli Bassetti

Se o primeiro brado pelas "Diretas Já", em 1984, se constituiu num momento de amadurecimento político do PR, foi também ele que detonou o grande salto para a organização e integração das mulheres paranaenses.
Até então, havia a bravura isolada das pioneiras, mais voltadas ao social que propriamente à condição feminina. O movimento pelo voto universal à presidência da República foi o agente integrador entre as associações já existentes e o engajamento político feminino.
Recém-chegadas à militância partidária, oriundas da campanha de 82 ao Palácio Iguaçu — em que deram mostras de grande potencial - as mulheres perceberam o momento propício à participação no processo político.
Para tanto, revitalizaram o departamento específico do PMDB, inseriram-se nas zonais e organizam-se nas grandes cidades do interior.
Conquistaram representatividade no Diretório Regional e elegeram, pela via direta, a 1a representante na Executiva.
Aparando divergências circunstanciais, formularam estatuto próprio, cuja Carta de Princípios definia posicionamentos relativos à política nacional e expressava objetivos referentes à condição feminina na política estadual.
As Diretas Já foram a plataforma para semear PR adentro essas diretrizes, fomentado o surgimento de lideranças e espraiando as reivindicações, que, mais tarde, seriam levadas à Constituinte.
Havia ainda que interiorizar o Conselho Estadual e vinculá-lo com o nacional.
Uma tarefa maiúscula!
Assim floresceu a politização das mulheres e a primeira inserção delas num movimento de alcance nacional.
Bravas e determinadas, tiveram voz e vez em todos os palanques, através de representantes previamente eleitas por lideranças femininas de cada região paranaense.
Entretanto barreiras, algumas neófitas na arte de falar em público, fizeram ecoar o grito pela democracia e pelos direitos da mulher-cidadã inclusive em Brasília.
Um fato inusitado e ilustrador do contexto ocorreu num vôo Curitiba— São Paulo-Brasília, que levava paranaenses ao grande encontro de
5.000 mulheres brasileiras no Congresso. O piloto clamou pelas Diretas e deu-se um minicomício a bordo, com a então deputada Beth Mendes falando pelas mulheres.
Terra e ar exalavam o sentimento democrático.
Essa participação com identidade própria num dos mais bravos momentos brasileiros, serviu de modelo inspirador para outra conquista, como a Delegacia da Mulher e a Polícia Feminina, extrapolando as fronteiras partidárias, inspirou ou revitalizou associações e entidades femininas hoje relevantes na sociedade: a Associação de Mulheres de Carreira Jurídica, a Boca Rouge e o Banco da Mulher, entre tantas outras, que diariamente registram, a pena de ouro, a presença feminina no livro histórico do Paraná.

Alzeli Bassetti, escritora e tradutora


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