Histórias do Paraná - Andanças de Orlando
Andanças de Orlando
Francisco Camargo
O fotógrafo Orlando Kissner, hoje na Agência Estado, em São Paulo, começou sua carreira em Curitiba.
Como motorista, aliás.
Ele estava num carro de reportagem quando, metros à frente, ocorreu a famosa explosão de uma carga de dinamite, que sacudiu a cidade, lá pelas bandas das Mercês.
Mas não é o caso. O caso, ou os casos, é que Orlando, aqui mais conhecido como Polaco e, hoje, na Paulicéia, como Alemão, tinha uma facilidade incrível para se meter em confusão.
Corte rápido: depois de cobrir a rebelião no presídio de Piraquara, na década de 80, ganhou de presente, como souvenir, alguns estoques, teresas e facas, sobras do motim.
Presente de alguns policiais.
Jogou tudo no porta-malas do carro, o Opalão conhecido como Trovão Azul, e esqueceu.
Um dia, meses depois, descendo para a praia, foi parado numa barreira da Polícia Rodoviária.
Explicar por que transportava aquela estranha carga não foi fácil.
Mesmo porque havia, no meio do "arsenal", uma serra de mão utilizada em açougue, própria para cortar um boi ao meio.
Pano rápido.
O bom Orlando, consagrado em São Paulo, tem feito muitas viagens ao exterior.
Em Londres, no hotel, tarefa do dia cumprida, resolve tomar uísque - "mas que seja estrangeiro, nacional é uma droga".
Difícil foi conseguir gelo. O camareiro era jamaicano, não falava lhufas de português ou espanhol, tanto quanto o Orlando em se tratando de inglês.
- Gelo.
- Gelo, pomba!
Recorreu ao inglês de platéia de cinema americano:
- Ice!
Deu certo.
Mas o camareiro trouxe umas pedrinhas que mal davam para a primeira dose.
Insistiu.
Ice! Mucho ice.
Nada feito.
Engrossou:
- Iceberg!
O funcionário deixou o apartamento.
Voltou mais tarde carregando uma barra de gelo, com gancho e tudo.
Atirada contra o fundo da banheira, Orlando garantiu pedras de gelo para mais de um litro de uísque.
Mas não gostou de Londres.
Os carros insistiam em trafegar na contra-mão.
Francisco Camargo, jornalista
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