segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Histórias do Paraná - Wille e Margarida

Histórias do Paraná - Wille e Margarida

Wille e Margarida
Mário Schactai Ribeiro

Esta é a história de um casal trabalhador, simpático, chefes de família exemplares.
Aconteceu na cidade de Palmeira nos anos 50. Uma história verdadeira que mostra como as coisas podiam acontecer antes da existência de uma inflação galopante como a que hoje vivemos(1993).
Wille montou uma padaria, anexa a bar e sorveteria, e se encarregava de cuidar do caixa.
Margarida, sua esposa, cuidava da casa, dos seis filhos, e ainda preparava bolos e salgadinhos para o bar.
O negócio progrediu, cresceu, foi melhorando, até modernizado.
Contava já com alguns empregados. E com a quase permanente "fiscalização" de Margarida, no que se referia à higiene, forma de atenção à clientela, disciplina das prateleiras expondo mercadorias.
Wille se mantinha, impassível, junto à "registradora", e os negócios iam bem.
No entanto, Margarida começou a alertar o marido:
- "Wille, estão lhe roubando...!"
Ao que o marido respondia negativamente.
Afinal, ele praticamente não saía de junto da máquina registradora.
Era sua a responsabilidade de receber, dar troco, pagar.
Contabilizar o dinheiro arrecadado. E Margarida, insistia:
- "Wille, estão lhe roubando..."
Wille sorria, discordava da mulher.
Ela, continuava a lida com a casa, os filhos, os quitutes e sempre chamando a atenção de seu esposo, para o fato de que estaria sendo "roubado".
Passaram os meses, fechou mais um ano.
Foram dezenas de vezes que Margarida alertou o marido de que o dinheiro estava sendo tirado do caixa. E que ele discordava que tal fato estivesse acontecendo.
Até que Margarida provou...!
Depois de vários alertas, trouxe para mostrar ao marido um balaio cheio de dinheiro.
Dinheiro que ela tirou do caixa.
Que Wille viu ser tirado do caixa.
Mas, que nunca considerou "roubo". Afinal, era tirado pela esposa, com certeza para outras despesas do estabelecimento comercial e até da própria casa.
Bons tempos...! Contam que o dinheiro deu para comprar uma nova propriedade.
Coisas para a casa.
Até pensar em um carro -quase um luxo para a época.
O que teria acontecido com o dinheiro de Wille e Margarida (guardado no balaio, por um ano) se fosse nos dias atuais? Com a inflação de 40% ao mês?

Mário Schactai Ribeiro, radialista em Palmeira

Guilherme ‘Wille" Frederico Margraf faleceu em 1993; Margarida Bonacin Margraf, em 1976


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