segunda-feira, 9 de junho de 2014

Histórias do Paraná - O Barão dos Campos Gerais

Histórias do Paraná - O Barão dos Campos Gerais

O Barão dos Campos Gerais
Marco Aurélio de Moraes Sarmento

Em visita ao Paraná, Dom Pedro II, Imperador do Brasil, e seu séquito, chegaram de navio a Paranaguá onde inauguraram o farol da Ilha do Mel e, em cortejo, subiram a serra da Graciosa, quando Sua Majestade veio a descansar debaixo do velho pinheiro que não era "araucaria angustifolia" e que já não existe mais.
No local do breve repouso existe uma placa alusiva à data.
Chegando a Curitiba que, na época, era Curityba após as honras de recepção, procedeu a diversos atos, inaugurações e recebeu inúmeras homenagens de seus súditos paranaenses.
Depois de alguns dias, viajou à Ponta Grossa, não sem antes, de passagem, inaugurar a famosa ponte dos arcos sobre o rio dos Papagaios, que até hoje existe e ornamenta um belo recanto.
Na Princesa dos Campos, enfastiado de tantas homenagens, resolveu pedir hospedagem longe da cidade e foi imediatamente atendido pelo maior fazendeiro da região que, muito rico, era, infelizmente pouco letrado.
O dono da fazenda, nos dias em que hospedou a visita imperial, sacrificou vitelas, faisões, perus e, esmerando-se, serviu toda espécie de iguarias procurando ser ótimo anfitrião.
Porém, chegando a hora da partida e não encontrando mais nenhum modo de agradar a nobre figura, resolveu de maneira inusitada prestar uma derradeira homenagem ao sábio Bragança.
Chegou-se a majestosa figura e disse:
- Meu Imperador, sei de Vossa incrível bondade e, para homena-gear-vos, resolvi que, hoje irei liberar meus mais de sessenta escravos e, para tal, gostaria que V. Excelência entregasse a cada um as cartas de alforria.
D. Pedro, com lágrimas nos olhos, porém alegre como criança, concordou e, após o feito, retomou viagem.
Tempos depois, já na corte, no dia de graças, o Imperador resolveu homenagear o autor daquela bondade e determinou isto aos assessores que lhe vieram com um Decreto Imperial de concessão da Ordem da Rosa. .—
D. Pedro, rasgando o papel antes de assinar, asseverou;
- Isto é pouco, façam-no Barão!
O assessor respondeu:
- Majestade, o homem é analfabeto!
O imperador retrucou:
- Não será o primeiro.
Sempre me cercaram e nunca tomaram a atitude nobre que ele tomou!
E assim, nosso Estado, à época Provincial, veio a saber que um antigo Capitão da Guarda Nacional, fazendeiro e pouco letrado, tinha se transformado no imortal Barão dos Campos Gerais.
Sua bondade o permitiu.
Obs: O Barão dos Campos Gerais, tropeiro por profissão, quase analfabeto, foi deputado provincial e
Vice Presidente do Paraná. Possuiu três fazendas enormes na região de Ponta Grossa.

Marco Aurélio de Moraes Sarmento é Capitão da Policia Militar do Paraná.


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