sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Histórias do Paraná - A Revolução Federalista

Histórias do Paraná - A Revolução Federalista

A Revolução Federalista
Luiz Romaguera Neto

Um século se passou.
Eram quatro horas da manhã do dia 11 de janeiro de 1894, quando os Federalistas (Maragatos), comandados por Gumercindo Saraiva, atacaram Tijucas.
Começava, aqui no Paraná, a revolução que tantas vidas ceifou e outros tantos exemplos deixou.
Naquele dia, ficamos conhecendo homens de têmpera como Ismael Lago, Teodorico Gonçalves Guimarães, que defenderam sua terra com armas na mão, contra os que se opunham ao regime constituído de nossa nação.
Enquanto esses se defendiam de um inimigo muito mais poderoso, outras cidades se viam na contingência de uma guerra imediata.
Assim foi que, no dia 16 desse mesmo mês, o Gen. federalista Antonio Carlos da Silva Piragibe ataca a Lapa, heroicamente defendida pelo Gen. Carneiro, e, no dia 17, Paranaguá é invadida pela esquadra naval comandada pelo Alm.
Custódio de Mello, ocorrendo luta violentíssima.
Tijucas resistiu 9 dias, Paranaguá 2 e a Lapa 26.
Em 20 de janeiro, a revolução chega a Curitiba que, abandonada pelas forças republicanas e autoridades constituídas, não encontra nenhuma resistência. A covardia do Gen. Pêgo Junior, aliada ao medo do governador em exercício, Dr. Vicente Machado, que tinha declarado Castro como capital do Paraná e para lá pretendia se deslocar, não o fazendo porque foram informados de que a Serrinha tinha sido tomada pelos revoltosos, deixam Curitiba ao seu destino, seguindo, pelo Cerro Azul (a cidade), para São Paulo.
Na Lapa, a resistência continuava e cada dia que passava, muito mais difícil ficava.
Impedindo o avanço dos Maragatos, deu ao presidente Floriano Peixoto o tempo que precisava para se armar.
Para os seus defensores, nada mais podia se fazer.
Soldados exemplares, como Dulcídio, Aminthas e muitos outros, deram suas vidas defendendo aquele pedaço de chão paranaense, tornando-se heróis.
Com a sua coragem, forjaram a consolidação do Brasil. A morte do Gen. Carneiro, a 9 de fevereiro, abateu o moral de toda a tropa, fazendo aquela praça capitular dois dias após (11/2/1894).
Um mês tinha se passado do início do conflito.
Sofremos provocações nunca esperadas, perdas de entes queridos, discórdias entre amigos.
Luta de irmãos contra irmãos.
A contra revolução só aconteceu em abril. A nova frota da Marinha no Desterro afunda o Aquidaban.
Daí pra frente, tornava-se um salve-se quem puder dos federalistas que, debandando para o sul com a aproximação dos Picapaus, fogem em três direções diferentes. (Rio Negro, União da Vitória e Guarapuava).
Até aqui tínhamos tido heróis, agora iríamos saber o que é mártir.
Quando o Gen. Ewerton de Quadros assumiu o corpo do exército, junto com ele vieram Augusto Freire e o Alferes Lepage.
Esses três semearam o terror entre a população civil curitibana, fuzilando diversos cidadãos e culminando com o assassinato do Barão do Serro Azul e seus companheiros no Km 65 da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá.
Com esses fatos, a população revoltada se uniu, e vencidos e vencedores fizeram a razão prevalecer.

Luiz Romaguera Neto, membro do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Paraná.


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