segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Histórias do Paraná - O furão, a faixa e a Fonte Nova

Histórias do Paraná - O furão, a faixa e a Fonte Nova

O furão, a faixa e a Fonte Nova
Ernani Buchmann

Tarde quente de sábado na Vila Guaíra.
No velho estádio Ores-tes Thá iriam jogar Água Verde e Jandaia.
Partida com assistência de Maracanã em final de Copa do Mundo: faltavam alguns minutos para começar o jogo e não mais que umas quinze pessoas estavam a postos para ver tão emocionante peleja.
Mais triste que explosão em mercado da Bósnia.
Pois foi então que o comentarista Wilson Brustolin pegou o microfone para fazer suas observações iniciais.
Tinha recém começado a falar quando viu um sujeito pulando a cerca de madeira que separava o estádio da Praça em frente,
onde por muitos anos foi o campo do Guaíra.
Interessante era que o espectador furão trazia um radinho no ouvido.
Brustolin interrompeu o que ia dizendo e lamentou:
- Existem tão poucas pessoas no estádio e agora vejo um espectador pulando a cerca.
E já que ele está com o radinho no ouvido, quero fazer um apelo.
Se você torcedor, estiver ouvindo a Rádio Clube, por favor, dê a volta e compre um ingresso, porque assim não é possível.
O torcedor parou no alto da cerca.
Por alguns segundos avaliou o apelo. Aí fez um gesto com a mão em direção às cabines de rádio e pulou de volta para a praça.
Ivo Bordinhão era diretor financeiro do Colorado. Pão duro como poucos, vivia reclamando do salário dos jogadores.
Um dia, depois de um clássico que o Colorado havia ganho, sentaram todos, diretores e atletas, para uma cerveja no bar da Oca, no estádio Durival de Brito.
Bordinhão estava nervoso com a perspectiva de pagar um bicho graúdo pela vitória. E desandou a falar que, para ele, jogador de futebol não podia ganhar bicho.
Se havia o salário, por que teria que haver bicho?
Foi quando o ponta direita Galeno, que tinha predileção por incomodar Bordinhão, pegou a deixa:
- Com esse tipo de pensamento, sabe quando o senhor vai envergar uma faixa, seu Ivo? Só quando quebrar o braço.
Decisão entre Vitória e Paraná Clube no Campeonato Brasileiro de 93, em Salvador.
Fonte Nova lotada, os diretores do Paraná foram recebidos na Tribuna de Honra pelo presidente do Vitória.
Jogo difícil, no intervalo alguns vão ao banheiro. O vice-presidente jurídico Márcio Nóbrega Pereira, preocupado com o jogo, desembainha as armas para um xixi e nota que o presidente do Vitória faz a mesma coisa ao seu lado:
- O negócio tá duro, presidente.
- Muito duro, meu filho.
Vocês estão sabendo endurecer a coisa.
Atrás, aguardando sua vez, o vice-presidente Sidney Catenaci emendou:
- Só pode ser culpa de algum tempero afrodisíaco baiano.
Nunca vi ninguém discutir futebol usando uma linguagem dessas.

Ernani Buchmann, publicitário


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