Histórias do Paraná - Sangue frio e decisão
Sangue frio e decisão
Ayrton Ricardo dos Santos
O conhecimento, sangue frio, rapidez de raciocínio e decisão são atributos que, na medida em que se apresentam, qualificam os médicos.
O Dr. Iseu Costa — a quem devo as pontes de safena que carrego e me prolongam a vida — nos presenteou, a todos, com uma bonita e circunstanciada biografia em excelente edição da Fundação Santos Lima: "Szymon Kossubudzki — patrono do ensino da Cirurgia no Paraná".
Esse notável médico polonês
— conta-nos Iseu - já formado e com 38 anos de idade, emigrou para o Brasil em 1907. Clinicou em São Mateus do Sul, Ponta Grossa e, a partir de 1912, passou a residir em Curitiba.
Inaugurou, em 1916, o ensino cirúrgico na Universidade, regendo a cadeira de Propedêutica Cirúrgica, Prestou relevantes serviços à coletividade, principalmente como médico e professor de medicina, mas, também, como poeta, teatrólogo e jornalista.
Faleceu nesta capital, em 1934, aos 65 anos de idade.
Há uma passagem na vida desse eminente polonês — narrada pelo professor Aluisio França - que vale a pena ser lembrada, a exaltar nele os atributos mencionados.
Certa manhã, depois da habitual visita a seus pacientes, quando deixava a Santa Casa, já na rua, deparou com uma mulher que trazia uma criança no colo e desesperadamente gritava:
- Salvem minha filha!
O médico, ante a criança cianosada, a respirar com extrema dificuldade, não teve dúvidas no diagnóstico que se impunha: laringite diftérica, com obstruções das vias áreas superiores. Não hesitou.
Sacando do bolso um canivete, prontamente incisou a traquéia, de modo a permitir o acesso do ar aos pulmões.
Para assegurar a permeabilidade das vias respiratórias apanhou a ponteira de um lápis — como antigamente se usava — e introduziu a cânula improvisada na ferida operatória... As retificações técnicas e assepsia foram feitas mais tarde, depois que a criança, com respiração assegurada, estava salva.
Ayrton Ricardo dos Santos, médico
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