sábado, 4 de junho de 2016

Histórias do Paraná - Zé da vida e do mundo

Histórias do Paraná - Zé da vida e do mundo

Zé da vida e do mundo
Roberto José da Silva

Seria mais um Zé da vida não fosse ele o Zé Eugênio, que tem um Souza no nome (mas pouca gente sabe) e, claro, veio de "lá" pendurado num caminhão pau de arara, para mostrar a nós, sulistas, com quantos paus se faz uma alma do tamanho do mundo e um corpo de ferro.
O Zé hoje anda meio sossegado.
Pode ser visto no portão do seu sobrado de madeira encravado quase na esquina da Rua Dr. Roberto Barrozo com a Mateus Leme.
A careca brilha, o rosto não lem uma só ruguinha e ninguém diz que ele já passou dos sessenta e, se bobear logo vai ser bisavô.
Sofreu um derrame há pouco lempo. O derrame lascou-se.
Quem mandou atacar esse pernambucano de Garanhuns criado a leite de cabra, farinha, rapadura, manga rosa, cuscuz e carne seca? Bengala na mão, o Zé que já foi lavrador, esticador, boxeador e saiu do anonimato como fotógrafo com seu olho e sua sensibilidade de gente, gosta de dar uas caminhadas até o Palácio Iguaçu c no trajeto vai curtindo a natureza das plantas e dos homens.
Ele pode.
Ele deve. A dona morte com certeza está convencida disto.
Antes do derrame ele já tinha driblado com a maestria de sua vontade de viver um acidente feio de avião. A asa dura teimou em despencar perto da cabeceira da pista do aeroporto do Bacacheri. O Zé tinha ido fazer umas fotos aéreas no litoral.
Salvou as imagens e a pele, apesar de passar um bom tempo de molho aos cuidados da maravilhosa Dodó, sua mulher, amiga, companheira e mãe não só dos seus quatro filhos (Jorge, Fernando, Ana Paula e Denise), mas também de todos os amigos que freqüentam a sua casa.
Já ouvi gente dizer que o Zé não existe.
Existe sim, é meu compadre, foi meu companheiro de trabalho durante anos na revista Placar e amigo para tudo quanto é tipo de hora.
Tempos atrás eu precisei dele, ou melhor, dos conselhos deste homem que um dia me salvou de um aperto no campo do Coritiba, quando todo o plantei coxa me cercou raivoso por causa de chamada de capa infeliz de um editor maluco em São Paulo.
Lembro que o ex-ponta esquerda Santos ameaçou me dar um tapa e enfiou o rabo entre as pernas quando o Zé, que até então estava calado, interferiu preciso. "Não vem dar uma de pernambucano não porque eu também sou de lá".
É, o Zé Eugênio agora me salvou de novo com as recomendações de alguém que vive neste mundo maluco com os olhos e a mente abertos.
Por isso esta pequena homenagem.
Todos que conhecem este Zé sabem que ele merece muito mais.

Roberto José da Silva, jornalista


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