Histórias do Paraná - Dom Pedro e os Rutenos
Dom Pedro e os Rutenos
Daniel Jacobus Fabri
Rutenos? Para quem não sabe, eu explico mais à frente o que são.
Enquanto isso, vamos à nossa história, que começa quando D. Pedro II veio visitar o Paraná, em maio de 1880.
Conforme nos relata Pedro Calmon (in "Historia de Dom Pedro II, vol 3, pág. 1211/19), o roteiro desta visita teve inicio em Paranaguá. Após desembarcar do Navio Rio Grande e cumprir os compromissos na cidade, o Imperador segue para Antonina e daí a Curitiba.
Para escalar a Serra do Mar, via Estrada da Graciosa, o Imperador gaba "os cocheiros, belos rapazes de família alemã", que o conduziram ladeira acima ao Rio do Meio, onde se fazia o pernoite em "casa de madeira de pinho da terra". (Era casa da viúva Campos). "Depois, em Curitiba, a entrada foi pelo Alto da Glória, -(bairro onde hoje se localiza o campo do Coritiba Futebol Clube, o Couto Pereira, palco de grandes eventos esportivos, cívicos e religiosos) - às 14:30 horas de 21 de maio de 1880, e três piquetes e um esquadrão de alemães escoltaram-lhe a carruagem até o sobrado de Antônio Martins Franco, onde se hospedou.
Meninas de 21 colônias vizinhas
— italianas, bávaras, polacas, rutenas, apresentam-se em trajes típicos.
Assim era o Paraná."
Convém lembrar que, no dia 22, D. Pedro II inaugurou a Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, "de arrebites góticos como convinha à terra que se ia povoando de habitantes nórdicos".
No dia 24, a comitiva imperial partiu para Campo Largo, Serrinha, São Luiz, Pugas e Palmeira, hospedando-se no sobrado da Baronesa de Tibagi, Dona Querubina, mãe de Jesuíno Marcondes.
Seguiram para Ponta Grossa, Castro e, no retorno, o Imperador, maravilhado, "arrepela-se em Vila Velha, numa arquitetura rendilha de castelo esboroado que as águas esculpiram". (Hoje, sabe-se que a formação de Vila Velha foi obra da erosão eólica). Passaram pela Colônia Mariental, Lapa, Curitiba, Porto de Paranaguá, onde D. Pedro II foi direto para os lançamentos da pedra fundamental da Estação da estrada de ferro.
E mais ou menos assim foi a visita do Monarca ao Paraná.
Ah, antes que me esqueça, o que mais marcou ao Imperador foi a recepção no Alto da Glória.
Uma verdadeira festança, verdade seja dita. O velho Imperador teve o privilégio de assistir as danças dos grupos de moças de 21 colônias de imigrantes, com uma vantagem: as meninas estavam vestidas, não com trajes típicos, mas sim com os originais, principalmente as Rutenas, sem dúvida as mais excêntricas.
Imaginemos a confusão que foi a festa, verdadeira torre de babel. Só os rutenos formavam, à época, um bloco eslavo constituído por uma salada de povos europeus vindos da Galácia, Hungria e Lituânia.
Ninguém se entendia.
No entanto... "dá-lhes festa!!!"
Daniel Jacobus Fabri, engenheiro químico
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