domingo, 3 de agosto de 2014

Histórias do Paraná - A guerra e o pioneiro

Histórias do Paraná - A guerra e o pioneiro

A guerra e o pioneiro
Darcy Nigro Samways

Depois do afundamento de dezoito navios mercantes brasileiros em nossas costas marítimas, em 22 de agosto de 1942, às 13:00 horas, o Governo Brasileiro (Getúlio Vargas) se dobra às pressões populares e declara o Estado de Guerra aos países do denominado "Eixo Tri-Partite" - Alemanha, Itália e Japão.
No mês seguinte, mais precisamente em 16 de setembro, é decretada a "Mobilização Geral do País" após o afundamento de mais dois navios mercantes em águas territoriais brasileiras. (Foram, no total, 33 navios afundados em nossas costas durante a II Guerra Mundial, sem que o país na guerra ainda estivesse...) Nossa Capital, como não podia deixar de sê-lo, e atendendo o decreto governamental, mobiliza-se para o conflito.
A Quinta Região Militar inicia o processo de convocação no Paraná e Santa Catarina.
Os jovens são chamados a compor ou comple-lar os efetivos das unidades militares sediadas em Curitiba.
As moças, tnaiores de 16 anos, também são convocadas para, em caso de necessidade, servirem como enfermeiras ou auxiliares de enfermagem.
Sucedem-se os exercícios de escuridão total (black-outs), só os liolofotes da base aérea varrendo os céus da cidade.
As sessões de cinema, quase que exclusiva diversão do curitibano na época, eram suspensas, as entradas devolvidas...
Pelo colapso nos meios de transporte, vários produtos começaram a faltar, impondo-se o seu racionamento: o açúcar que vinha do nordeste, o trigo importado.
As filas nas padarias se formavam já de madrugada...
Nos combustíveis (óleo e gasolina) se impõe um severíssimo racionamento. E quando surgem os famosos "gasogênios", transformando os automóveis em autênticos fogões à lenha ambulantes, obrigando os proprietários dos veículos a manter um compartimento à parte no seu carro com as reservas de combustível (a lenha picada).Faltava gasolina e óleo para tudo e todos, menos para uma "Jardineira" que fazia o transporte de passageiros entre São Mateus do Sul e Palmeira.
Mantida por G. Kantor, a jardineira usava e abusava da gasolina.
Mas como?! A explicação dada mais parecia ficção, história da carochinha... Diziam que a gasolina era extraída de umas pedras abundantes em São Mateus do Sul e usadas até como cascalho... Dava pra acreditar nisso?!...
Pois hoje, o pioneiro da extração de gasolina do xisto, Roberto
Angewitz, mais conhecido como "o perna de pau", tem até estátua em São Mateus do Sul, mandada erguer pela Petroxis, a subsidiária da Petrobrás que opera a usina de xisto.
Ao pé da estátua, a identificação do homenageado: "Roberto Angewitz.
Na época da II Guerra Mundial, em instalações rudimentares, mediante o processo de batelada, que seu gênio inventivo concebeu e a sua tenacidade fez funcionar, produziu 300 litros por dia de combustíveis automotivos".
E o contingente de jovens convocados? Depois de algum treinamento, foram deslocados para as cidades de Caçapava e Pindamonhangaba, interior de São Paulo, e, depois de "engrossados" com os contingentes oriundos dos demais estados da Federação, partem para a Europa.
Essa, porém, é uma outra história...

Darcy Nigro Samways, advogado do Estado aposentado


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