Histórias do Paraná - Rumo a Barbalha
Rumo a Barbalha
Fátima Mirian Bortot
O jornalista Luiz Edgar de Andrade, em artigo no jornal "O Pasquim" (primeira e melhor fase), fala dos cearenses.
Como ele, seres itinerantes, para concluir que, constatada a existência de vida inteligente na Lua (era o tempo do projeto Apoio), fatalmente entre os habitantes haveria pelo menos um cearense.
Exagero à parte, justificável no caso para ilustrar a marcante presença do bravo povo do Ceará em todos os cantos do mundo, a brincadeira serve para ilustrar um episódio não tão distante, ocorrido em Pato Branco.
Região de origem nitidamente gaúcha e catarinense, a participação e presença de nordestino são quase zero.
Ao contrário de outros ciclos migratórios, lá no Sudoeste, como ensina o professor Ruy Wachowicz, em seu livro "Paraná, Sudoeste - Ocupação e Colonização", "excluindo-se as populações dos três estados meridionais -Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, a presença de elementos procedentes de outros estados da Federação é praticamente insignificante". Ao analisar dados do período de 1900 a 1975, Wachoviz mostra que, do total de 97.786 cônjuges, "registrou-se em todo o período a presença de 30.651 paranaenses, correspondendo a 31,4%; 24.283 catarinenses, correspondendo a 24,8%, 41.901 gaúchos, correspondendo a 42,9% do total".
Vai daí o compreensível espanto que cercou a visita de um ilustre desconhecido à cidade.
Extrovertido, falando alto, lembrando uma estonteante araponga, o estranho visitante não ficou muito tempo em Pato Branco, partindo com a família — ao que consta estava perdido ao retornar de Foz do Iguaçu a inventar um roteiro turístico alternativo para aproveitar os últimos dias de férias.
No trevo da Taísa, junto à estrada, nosso bom cearense brecou o carrão e, aproveitando a presença de um guarda da Polícia Rodoviária Estadual, quis saber, em tom incisivo:
- Bixim, pode me informar a saída pra Barbalha?
A milhares de quilômetros do Ceará, sem contar o percurso de Fortaleza até aquela pequena cidade do interior, o pobre guarda foi realmente colocado em xeque.
A "saída para Barbalha" ficou famosa, passado o espanto.
Difícil saber até debruçado sobre um atualíssimo guia Quatro Rodas.
Fátima Mirian Bortot, jornalista
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