quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Histórias do Paraná - O médico e os afilhados

Histórias do Paraná - O médico e os afilhados

O médico e os afilhados
Adalberto Scherer Filho

Lá pelos idos de 1936, Dr. Scherer, recém formado médico, apreciador da natureza e das pescarias, aventurou-se na região do Assungui, a procura de córregos e poços ideais para a prática do "esporte".
Numa dessas pescarias no Assungui, o Dr. Scherer, filho de tradicional família paranaense, foi chamado para atender uma emergência, pedido que atendeu com sucesso.
Foi o que bastou para ganhar a confiança e admiração dos caboclos do local, que o reverenciavam.
Depois desse fato, durante 43 longos anos, um final de semana de cada mês era dedicado a atender pessoas necessitadas da região do Km 57 da Estrada do Ceme.
Lá, sempre ajudado pelos "assistentes" Nhô Paulo e João Lovato (hoje comerciante em Curitiba), Dr. Scherer ajudava a todos, receitando e entregando remédios.
Durante todo este período, inúmeras manifestações de amizade foram verificadas, traduzindo toda a gratidão daquelas pessoas.
Na falta de bens materiais, uma das formas prediletas delas demonstrarem essa gratidão era fazer o Dr. Scherer padrinho de seus filhos.
Numa tarde, proseando com Nhô Paulo, Dr. Scherer perguntou:
- Nhô Paulo, você já calculou quantos afilhados eu tenho aqui?
Nhô Paulo, na sua simplicidade de caboclo, respondeu de pronto:
- Dr. Scherer, afilhados somos todos nós do senhor.
Mas batizados mesmo, acho que são uns 250.
Enquanto pôde, Dr. Scherer, meu pai, praticou este ato humano.
Faleceu ano passado deixando somente dignidade e honra, como homem e médico.

Adalberto Scherer Filho, administrador de empresas


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