segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Histórias do Paraná - Turismo em Foz

Histórias do Paraná - Turismo em Foz

Turismo em Foz
Regina M. S. de Souza

No início do século passado, Foz do Iguaçu não passava de um ponto longínquo no extremo oeste de nosso estado.
Não possuindo meios de comunicação pelo território brasileiro, o acesso era feito através da Argentina, via fluvial.
A beleza das Cataratas era pouco difundida pelo governo brasileiro.
Mas ela era vista, estudada e admirada por um bom número de excursionistas, graças aos esforços do país vizinho.
Naturalistas, escritores, "touristes", todos ficavam em Porto Aguirre, (hoje Porto Iguaçu), onde havia um bom hotel, uma boa estrada, algum conforto.
Contudo, a vista mais bonita dos saltos era do lado brasileiro.
Como disse Lima Figueiredo, "na Argentina fica a arena e no Brasil, a arquibancada". Alguma coisa para atrair o visitante urgia ser feita.
Foi então que, em 1915, foi dado o primeiro passo para a atividade turística da "Vila Iguassu" - a inauguração do HOTEL BRASIL. Localizado na antiga Avenida Paraná, tinha uma filial junto aos saltos.
Um barraco abandonado que, transformado em três cômodos, sala de jantar e cozinha, cumpria o propósito de acolher o viajante.
Para chegar-se até lá, foi necessário abrir um caminho, ou seja, a primeira estrada que conduziria às Cataratas. O percurso de 30 km era feito em uma media de 6 horas.
Um carro de quatro rodas, puxado por quatro cavalos, conduzia os passageiros que extasiavam-se com as araras, os papagaios, os tucanos, em bandos naquela mata virgem.
Era comum ver macacos pulando nas árvores, ou lebres e veados fugindo assustados.
Em certos lugares, centenas de borboletas formavam verdadeiros tapetes, ora azuis, ora coloridos, que revoavam em protestos à passagem do turista.
Orquídeas, sa-mambaias e avenças dividiam o espaço com roxos e amarelos ipês. E, já no final, anunciando a chegada, havia um extenso e frondoso bambuzal.
Suas pontas entrelaçadas sobre a estrada formavam um túnel, "uma magnífica abóboda vegetal" na visão de Coelho Júnior.
Mais tarde, em torno de 1920, um outro projeto foi concebido, o IGUASSU CASSINO HOTEL, também junto aos saltos.
Com a promessa de um futuro ressarcimento por parte do governo, deu-se início à obra.
Planta em forma de U, com salão de festas, de recepção, de leitura e de jogos.
Oito quartos, um banheiro com água corrente... Mas a falta dos recursos prometidos fez com que o hotel permanecesse inacabado.
Modestamente então, ele funcionou até o ano de 1937, quando foi destruído por um incêndio.
Esses, o Hotel Brasil e o Iguassu Cassino Hotel, bem como os hotéis Progresso e o Internacional, foram o marco da hotelaria turística em Foz do Iguaçu, hoje uma das maiores do Brasil.
Obra de pioneiros entusiastas, patriotas, que, acreditando na terra que os acolheu, por ela lutaram.
Difundiram o turismo, não apenas como fonte de rendas mas, e principalmente, como elemento propulsor da colonização.

Regina M S. Souza, dona de casa em Curitiba


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