Histórias do Paraná - O Titiozinho
O Titiozinho
Valério Hoerner Júnior
Filho de Urbano José Correia e Maria Francisca da Silva, oriundo da região de Beira, Portugal, Manoel Francisco Correia - o Velho (1776-1850) - foi o tronco da ilustre Casa parnanguara dos Correia.
Casou-se três vezes: Maria Josepha de França, com quem teve, em 1800, uma filha, Maria; com Maria Joaquina da Trindade, nasceu-lhe apenas Manoel Francisco Correia Júnior — o Moço (1809-1857); e de Joaquina Maria da Ascenção, terceira e última esposa, teve mais nove filhos: Joaquim Cândido, José Francisco, Maria Clara, Lourença Joaquina, João, Rosa Narcisa, Laurinda, Guilhermina e, por fim, o caçula, Manoel Euphrasio, nascido em 16 de agosto de 1839.
Verifica-se, pois, que os onze filhos do patriarca da ilustre Casa nasceram dentro de um período vital de 39 anos.
Acontece que, face às circunstâncias, dentro desse período, naturalmente iam também nascendo os filhos dos filhos, seus netos, portanto: no momento em que nasceu Manoel Euphrasio, o Correia Moço já possuía oito, os quais somados aos dois de Maria, aos quatro de Maria Clara e ao de Lourença Joaquina creditavam ao Velho o número de 15 netos, todos já em idade superior à do seu pequenino Manoel Euphrasio. E nada mais natural ainda do que o contínuo "vir ao mundo" da criançada, com os registros apontando ao todo 81 netos para Manoel Francisco Correia, o Velho.
Manoel Euphrasio, então, tanto pelo fato de ter sido o festejado caçula do patriarca, quanto por crescer entre sobrinhos mais velhos ou de pouca diferença, passou a ser tratado carinhosamente por "Titio-zinho", apelido que o acompanharia pelo resto da vida.
Em primeiras núpcias, casou-se o "Titiozinho", em 25 de março de 1863, com Maria Ermelina Correia Pereira.
Perdeu-a, porém, no parto do oitavo filho, Manoel, depois de penosa e frustrante cirurgia envidada na ocasião pelo Dr. Muricy e pelo primo Dr. Leocádio Correia.
Veio "Titiozinho" a casar-se, então, com a sobrinha Alice Guimarães, filha de sua irmã Maria Clara que em 1933 casara-se com o futuro Comendador e Visconde de Nácar.
Deste casamento, teve mais quatro filhos.
"Titiozinho", porém, não foi feliz com a prole: dos doze filhos, somente chegaram a casar-se a quarta do primeiro casamento (Lourença, com Roberto Regnier) e os derradeiros do segundo (Adalberto Nácar
Correia, com Maria Clara e Áurea Jouve; e Alice, com Augusto Vieira de Castro). Os demais faleceram ainda crianças ou ao nascer. E uma tragédia: Euphrasio, nascido em 1874, constituiu-se no terceiro Correia vitimado pela Revolução Federalista: empunhando a bandeira de Floriano em defesa de Niterói, acabou trucidado a machadinha pelos marujos revoltosos de Saldanha da Gama; tinha vinte anos; os outros dois foram Ildefonso, o Barão do Serro Azul, e seu primo, Presciliano Correia, assassinados no quilômetro 65 da Serra do Mar.
Manoel Euphrasio Correia foi chefe do Partido Conservador no Paraná. Deputado Provincial e Geral, morreu exercendo as funções de Presidente da Província de Pernambuco, em 1888.
Valério Hoerner Júnior, da Academia Paranaense de Letras
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