Histórias do Paraná - Catedráticos improvisados
Catedráticos improvisados
Mariah do Carmo e Silva Dantas
Exemplo de convite que o Dr. Nilo Cairo da Silva fazia aos futuros Catedráticos da Universidade do Paraná, quando de sua fundação e, 1912, conforme depoimento do professor Manoel Barreto Vieira de Alencar:
- Alencar, você vai ser o nosso professor de Direito Civil.
- Quê?
- Sim, professor de Direito Civil da Universidade.
- Qual Universidade, Nilo?
- A que eu, o Vitor, você e outros professores acabamos de fundar!
Agora o colóquio é com os professores Enéas Marques dos Santos e Pedro Macedo Costa:
- Enéas, preciso de você e do Macedo ali mesmo, na Congregação de Engenharia da Universidade do Paraná. Você, como advogado, ficará na Cátedra de Economia Política e Finanças. E você, Macedo, será o catedrático da Cadeira de Desenho Técnico e Artístico.
Entre os professores civis, a Faculdade está contando somente com o Moreira Garcês e o Gulin.
Até eu mesmo, que sou capitão da arma de Engenharia, fui destinado a uma Cadeira de Medicina, para nivelar o equilíbrio da balança. Já reparou quantos militares a integram?
- Há, por exemplo, os dois Tourinhos, Plínio e Mário. Há dois tenentes, Bizerril e Daltro Filho. Há, também, dois coronéis, Baeta de Faria e o Soares Gomes. Há, ainda, o Presidente do Estado, que é nosso professor e o general, Carlos Cavalcante de Albuquerque.
De Plácido e Silva foi o primeiro aluno matriculado na Universidade do Paraná.
Encontrei registrado um depoimento seu contando como foi isto:
"Mocinho e pobre, De Plácido surgiu à porta da Universidade que iria começar a funcionar.
Vinha de Alagoas com um diploma de curso ginasial.
No guichê do velho prédio, à rua Comendador Araújo, estava o Dr. Nilo Cairo, sozinho, aguardando candidatos. O livro de matrículas em branco, sem qualquer nome inscrito.
Atendido pelo mestre, De Plácido perguntou se existiam matrículas gratuitas, bolsas de estudo ou qualquer outra concessão financeira ao estudante carente de recursos.
"O Dr. Nilo Cairo replicou: -Você não pode pagar a Universidade, e precisa ser aluno.
A Universidade não pode pagar um amanuense (o encarregado de catalogar dados, um escrevente ou escriturário) e precisa dele. O débito anula o crédito.
Ninguém fica devendo nada a ninguém."
Com relação a isto, o que diria hoje o Dr. Nilo Cairo da Silva sobre a Universidade Federal do Paraná?
Mariah do Carmo e Silva, dona-de-casa.
Texto extraído e adaptado da "Centúria de Nilo Cairo da Silva", de B. Nicolau dos Santos Filho
Fonte: 300 e Tantas Histórias do Paraná, Brasil.
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