sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Histórias do Paraná - Getúlio e a Capital Cívica

Histórias do Paraná - Getúlio e a Capital Cívica

Getúlio e a Capital Cívica
Guísela V. Frey Chamma

Em outubro de 1930 chegava em Ponta Grossa a composição ferroviária que trazia a comitiva de Getúlio Vargas, vinda do Rio Grande do Sul.
Aqui parou, pois não poderia passar para São Paulo, porque tropas do Exército, fiéis ao governo, haviam dinamitado a ponte sobre o rio Itararé, e estavam de prontidão para impedir quem ousasse passar pelo território paulista vindo do sul.
Tudo isso ocorria porque grande parte do país estava descontente com os acontecimentos políticos da época, em virtude das fraudes comprovadas nas eleições para presidente da República, nas quais o candidato paulista, Júlio Prestes, havia sido vitorioso.
Seu antagonista, Getúlio Vargas, e seus correligionários já haviam se conformado, quando o assassinato de João Pessoa, na Paraíba, reascendeu as paixões.
João Pessoa havia sido companheiro na chapa de Getúlio Vargas.
Seu enterro, no Rio de Janeiro, deu impulso no movimento revolucionário que estava latente em grande parte do Brasil.
Com todo o Rio Grande do Sul a favor de Getúlio Vargas, que teria sido o verdadeiro vencedor das eleições, e com o apoio do Exército do Sul, o candidato gaúcho chegava à Ponta Grossa, com grande número de companheiros.
Aqui permaneceram aguardando ordens para seguir viagem.
Em Ponta Grossa, o 13° Regimento de Infantaria já havia enviado alguns contingentes como apoio de outros da capital para a região da Ribeira, limite com São Paulo.
Outra parte do 13° R.I. foi para a fronteira com Itararé. O militar mais entusiasmado na ocasião, o Capitão Ayrton Playsant, enviava as mensagens para a comitiva estacionada em Ponta Grossa, aconselhando a espera os acontecimentos, para evitar um choque com as tropas do lado paulista.
Enquanto o impasse perdurava, Getúlio Vargas realizava encontros e reuniões políticas no Cine Renascença e no Clube Pontagrossense.
Ele não aceitou nenhum dos convites dos moradores mais importantes da cidade e preferiu continuar instalado no seu vagão dormitório, no pátio da estação ferroviária.
Durante o dia aceitava almoçar e jantar na casa de um e de outro.
Nestes dias de permanência em Ponta Grossa, Getúlio Vargas ficou impressionado com a vibração e entusiasmo do povo.
Foi numa das reuniões, no Cine Renascença, que a comitiva recebeu o telegrama vindo do Rio de Janeiro, que comunicava a renúncia de Washington Luís, e a posse de uma Junta Governativa composta pelos Generais Mena Barreto, Tas-so Fragoso e o Almirante Isaias de Noronha, que haviam decidido entregar o govemo a Getúlio Vargas, considerado desde já o novo Presidente do Brasil.
O regozijo foi enorme entre os presentes, Getúlio Vargas, aplaudido e cumprimentado, fez um emocionado discurso, e nessa ocasião referiu-se a Ponta Grossa, como "a Capital Cívica do Paraná". O título pegou.

Guísela V. Frey Chamma, historiadora e professora titular da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Fonte: 300 e Tantas Histórias do Paraná, Brasil.

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