sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Histórias do Paraná - A capelinha do Bom Jesus

Histórias do Paraná - A capelinha do Bom Jesus

A capelinha do Bom Jesus
Astrogildo de Freitas

A cidade de Palmeira, neste Estado, cujo início de povoação data da segunda década do século dezenove, estava naquela época inteiramente envolvida na construção da sua igreja matriz, a fim de efetivar e completar a transferência, para a nova sede, da paróquia da Freguesia de Tamanduá, já em plena decadência, em face da entrega daquela capela para a congregação de frades carmelitas, que pleitearam e obtiveram a sua posse.
Em virtude da extensão da nave do templo majestoso que se construía, abranger boa parte da praça, alcançando até o cemitério ali existente, criou-se a necessidade da sua mudança para outro local.
Como é óbvio, essa necrópo-le ficou longe da igreja em "fabricação", termo usado para designar uma construção de maiores proporções, surgindo daí a necessidade de uma capela para serem oficiados os atos fúnebres impostos pelas tradições, usanças e ritos católicos. A capela do Senhor Bom Jesus, cujo termo de edificação está datado de 2 de dezembro de 1836, foi construída às expensas de quatro ou cinco moradores desejosos de terem os seus corpos sepultados em um templo católico conforme tradição secular.
O santuário situado na praça
Getúlio Vargas, mas com a frente voltada para a rua Jesuíno Marcondes, fez parte de um trio de capelas então existente na localidade.
As duas outras componentes eram a do Divino Espírito Santo, na quadra compreendida pelas ruas Pedro Ferreira e Padre Camargo, em estrutura de madeira de pinho e já desativada desde muito tempo. A outra, a de São Benedito, fechava lá no alto a dita ruajesuíno Marcondes.
Essa orada, construída de tijolos sem reboco, não resistiu as intempéries e foi destruída por uma tempestade, com forte e violento vendaval, restando em pé apenas parte da parede dos fundos onde se encontra o santo votivo. Não havendo condições pecuniárias para a irmandade, já bastante reduzida, para reconstruí-la, a opção adotada foi levar a efeito o prosseguimento da rua, hoje uma das mais importantes da urbe.
Voltando à capelinha do Bom Jesus, podemos dizer que a mesma foi construída não só para exéquias e enterramentos futuros, mas também e principalmente para abrigar o túmulo do tenente Manoel José de Araújo, fundador da povoação e sepultado em 1825. A construção do assoalho feita um pouco acima da lápide do jazigo, permitiu a sua acomodação no interior da capela.
Lateral ao muro dessa ermida, do lado de fora, encontrava-se a sepultura de José de Paula e Silva, filho do Barão de Ibicuí, que sendo suicida não teve permissão para o seu enterramento em cemitério secular.
Tempos depois, com a mudança do cemitério secular para a rua da Conceição, já na estrada que demandava o sul do estado,
desativou-se o da capelinha, sendo levado para o novo local o que ali restava de tradições e afetuosidade.

Astrogildo de Freitas, membro do Centro de Letras do Paraná

Fonte: 300 e Tantas Histórias do Paraná, Brasil.

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