Histórias do Paraná - Corpo de Saúde, 1930
Corpo de Saúde, 1930
Manoel Dória Guimarães Filho
Vivemos a revolução Em Curitiba, jovens médicos e acadêmicos de medicina alistam-se como voluntários no Corpo de Saúde.
Esta é a forma encontrada para poder constribuir com aqueles soldados que, menos favorecidos pela sorte, tombam nos campos de lutas.
Incorporados, recebem instruções para se apresentar ao Hospital D. Isabel na cidade de Jaguariaíva.
Domício Costa, Osires Rego Barros, Manoel Dória Pinheiro Guimarães, José Saldanha Faria, Isaac Goldstein Paciornick e Iracy Ribeiro Vianna, deixam Curitiba no dia 14 de outubro.
O relógio marca 1 hora da tarde de uma terça-feira em plena primavera de 1930.
A composição férrea fazia sua primeira parada, Porto Amazonas, onde chega às 5:30 da tarde.
O médico Bernardo Vianna, ao saber do alistamento de seu filho Iracy, também se alista:
- Se meu filho vai para a guerra, eu também vou!
Às 9 e meia da noite chegam à Princesa dos Campos.
Praticamente vencido o primeiro dia, é preciso aguardar uma nova composição para baldeação e dar continuidade à viagem.
Por volta das 10 horas, chega a Ponta Grossa o novo comboio, que lotado transporta a 1a CIA. do 15° Batalhão de Caçadores, sob o comando do Ten.
João Gualberto, que com sua tropa faz pequena parada na estação e prossegue viagem às 10 e meia. A Ordem é permanecer em Ponta Grossa e aguardar o trem das 9 e meia da manhã. Pernoitam no Hotel Dáros, em frente à estação.
Na manhã seguinte, como não conseguem usar o telegrafo, passam no Correio para algumas notícias, t na Igreja para algumas orações. Às 9 e meia embarcam na nova composição, que também leva o Ten.
Laurentino, de Santa Catarina.
Travam conhecimentos com vários oficiais e soldados.
Meio dia chegam a Castro, e de caminhão são conduzidos para almoço no Hotel Rondinelli.
Reiniciada a viagem à 1 e meia da tarde, chegam a Piraí por volta das 4 horas, quando então encontram 200 homens de Rio Azul, fortemente armados, que seguem para o campo de batalha.
No desvio da linha, o comboio aguarda a passagem de outro que transporta feridos para serem atendidos em Ponta Grossa.
Os feridos estão sendo conduzidos pelo acadêmico Lineu Madureira Novaes, também voluntário.
Violentos combates são registrados em Sengés. A baixa é impressionante, perto de 140 homens.
Diariamente um avião bombardeia Jaguariaíva.
- Avião... avião... avião! - é o grito que anuncia a chegada de mais um ataque aéreo.
Todos procuram abrigos.
Bombas explodem em todos os lugares, e também muito próximas do Hospital.
Num único ataque, o avião consegue jogar 8 poderosas bombas, para o desespero da população. A fuzilaria é intensa. A correria também.
No poder de fogo de terra, até tiros de revolver procuram acertar o avião, que mais uma vez vai desaparecer na linha do horizonte.
O trem chega a Jaguariaíva quase às 10 da noite.
As 6 e meia da manhã de 18 de outubro de 1930 os bravos voluntários do Corpo de Saúde, Domício, Osires, Dória, Saldanha, Parciornick e Iracy, se apresentaram e iniciam seus trabalhos na Ambulância Mista de Jaguariaíva.
Manoel Doria Magalhães Filho, publicitário e artista plástico
Fonte: 300 e Tantas Histórias do Paraná, Brasil.
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