Histórias do Paraná - A Baronesa do Tibagi
A Baronesa do Tibagi
Astrogildo de Freitas
A atual cidade de Palmeira, distante cerca de setenta quilômetros desta capital, é a evolução da Freguesia Nova de Nossa Senhora da Conceição de Palmeira, criada em 1819, em terras doadas pelo Tenente Manoel José de Araújo, casado com Anna Maria da Conceição e Sá, proprietário da Fazenda da Palmeira, cujo solar, edificado em meados do século dezoito, continua firme, habitável, e é atualmente conhecido como Chácara da Palmeira.
Dentre os seus filhos, queremos focalizar neste esboço Cherubina Rosa Marcondes de Sá, casada com José Caetano e Oliveira, na capela do Tamanduá, no dia 27 de novembro de 1814. Por ocasião do falecimento do seu pai, em 1825, e conseqüente partilha dos bens, coube a Cherubina o Rincão da Cria, onde já residia. Mãe de vasta prole, oito filhos, criados com todo o carinho, dentre os quais se destacoujesuíno Marcondes de Oliveira e Sá que, apresentando mais inclinações para os livros, já aos sete anos de idade passou a freqüentar escolas em Curitiba, visando novos horizontes.
Em conseqüência de um episódio funestro que vitimou uma das filhinhas do casal, talvez uma inflamação do apêndice, determinou-se
o corte de todos os pessegueiros do
Sitio, pois se atribuiu a causa da morte à ingestão de pêssegos verdes.
Quando da visita, em 1820, de Henri de Sant Hilaire à Quinta Comarca, este cientista francês esteve acantonado no Rincão da Cria, demorando-se ali por algum tempo.
Nessa ocasião, como hospedeira e dever social, manteve conversações com aquele itinerante sobre diversos assuntos.
Com a instrução acima do saber ler e escrever, pois quando mocinha freqüentara aulas de escolaridade nas cidades de Sorocaba e São Paulo e acostumada aos contatos sociais, teve assim condições de manter diálogos com tão ilustre visitante.
Nas prolongadas ausências do marido, em viagens de negócios de compras, vendas e transporte de gado vacum, cavalar ou muar, assumia também a direção do Sítio, promovendo todos os trabalhos normais, inclusive o feitio e roça no Pi-nheiral, onde existiam terras apropriadas para essa modalidade de lavouras.
Em 4 de agosto de 1858. o Alferes de Milícia José Caetano de Oliveira recebeu o titulo de Barão do Tibagi, em recompensa pelas suas atitudes conservadoras em face da revolta de Sorocaba e da emancipação política do Paraná. Esse provecto cidadão já possuía as Comendas da Rosa e de Cristo.
Assim, Baronesa, Cherubina não modificou as suas atividades, prosseguindo a vida normal de há muito estabelecida.
Quando da vinda do imperador D. Pedro II e a Imperatriz à província do Paraná, nas suas estadias em Palmeira, o casal foi hospedado pela Baronesa.
Em recompensa por este e outro atos, inclusive libertação de escravos, e já na viuvez, foi agradecida com o titulo de Viscondessa do Tibagi.
Para os palmeirenses, todavia, ela continuou recebendo o carinhoso tratamento de baronesa até sua morte, ocorrida em primeiro de outubro de mil oitocentos e oitenta e nove.
Astrogildo de Freitas, membro do Centro de Letras do Paraná e do IHGEP
Fonte: 300 e Tantas Histórias do Paraná, Brasil.
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