segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Histórias do Paraná - A revolução em Jacarezinho

Histórias do Paraná - A revolução em Jacarezinho

A revolução em Jacarezinho
Celso Antonio Rossi

Na história do Brasil, um importante episódio ainda hoje reflete em nossas vidas:
a Revolução de 3 de outubro de 1930, liderada pelo candidato derrotado nas eleições presidenciais daquele ano, Getúlio Vargas.
A cidade de Jacarezinho, localizada no então denominado "norte velho do Paraná", na divisa com o Estado de São Paulo, ocupava uma posição estratégica, pois dentro de seu município, unindo os dois Estados, encontrava-se a imponente ponte sobre o Rio Paranapanema.
Por isto, os revolucionários que vinham do sul do país em direção ao Rio de Janeiro, então capital da República, chegaram em Jacarezinho no dia 18 de outubro de 1930 e aqui resolveram praticamente acampar.
Sob a liderança do Major Alcides Araújo, Comandante do Io Batalhão de Cavalaria "Vitória ou Morte", as forças revolucionárias tão logo chegaram a Jacarezinho, tomaram várias providências: depuseram o prefeito e nomearam como Governador Provisório da cidade o conceituado médico do lugar, Dr. Gustavo Lessa, que também era um apaixonado pelo jornalismo, tendo editado talvez aquele que veio a ser o primeiro jornal da cidade, denominado "Jacarezinho", por volta dos anos 20.
E o Prefeito-Jornalista editou imediatamente um novo jornal, sob o nome de "A Revolução" que, por via das dúvidas, tinha na redação um tenente também revolucionário, José Ribeiro.
O novo Prefeito ("Governa-dor-Provisório") procurou logo demonstrar lealdade aos revolucionários (posição que já assumira bem antes da Revolução) e substituiu o nome das poucas ruas então existentes pelo dos militares que haviam chegado ao lugar, reservando ao Major-Comandante Alcides Araújo a principal rua da cidade, a Paraná...
Preso o então delegado de Polícia Cândido Berthier Fortes, foi indicado como seu substituto o Major Guiomar de Assis Moreira e que baixou desde logo vários atos, proibindo, por exemplo, o "trânsito de civis após as 22 horas" sob pena de prisão, além de proibir também a venda de bebidas alcoólicas.
Os comerciantes, de seu lado, foram avisados que não poderiam aumentar o preço dos "gêneros", devendo vender à população tudo que ela necessitasse sob pena de serem requisitados todos os "artigos" de todas as casas, presos os comerciantes e aplicadas neles as "leis da guerra"...
Mas não só as ruas e praças mudaram de nome: a estação de trens de Guimarães Carneiro passou a se denominar "Estação Oswaldo Aranha" e a própria estação de Jacarezinho teve seu nome substituído para "General Flores da Cunha".
Dias após, da mesma maneira que haviam chegado a Jacarezinho, as "forças revolucionárias" partiram em direção ao seu destino final: a cidade do Rio de Janeiro.
E tão logo seguiram viagem, as ruas, praças e estações retornaram aos seus antigos nomes, ficando apenas registrado na história da cidade que, por poucos dias, as ruas do lugar ajudaram a atenuar o clima beligerante de então, permitindo que seus nomes fossem substituídos pelos dos revolucionários que se encontravam de passagem por Jacarezinho...

Celso Antonio Rosi, advogado e diretor da Faculdade Estadual de Direito do Norte Pioneiro (de Jacarezinho)

Fonte: 300 e Tantas Histórias do Paraná, Brasil.

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