Histórias do Paraná - A Boneca do Iguaçu
A Boneca do Iguaçu
Apollo Taborda França
Harry Feeken era o seu nome.
Casado com Dona Eva Putziger Feeken e filha menor Marly. Lá pela década de 1950, entusiasta da vida e negociante que era, resolveu estabelecer-se na divisa Curitiba/São José os Pinhais, lado do rio Iguaçu, com um ambiente de restaurante e lazer para as famílias das duas cidades.
Estava criada a "Boneca do Iguaçu", pelos idos de 1956. Ficava defronte ao Armazém de Ernesto Schmitt.
Em 1958, progredindo, inaugurou aprazível Parque Infantil com honrosa presença do seu amigo Governador Moysés Lupion e Dna.
Hermínia, e mais o Prefeito Itiberê de Mattos, Deputado Erondy Silvério e convidados.
Harry, até mais que negociante, era apaixonado pela música, tocando contra-baixo e outros instrumentos.
Fez parte da inesquecível Orquestra Trianon, ao lado de outros "ases" como Pirolito (Harmin Habit). Durante longo tempo a Boneca do Iguaçu se constituiu num ponto de turismo e de atração da Cidade Sorriso.
Todo mundo ia lá. Foi local para tantas recepções políticas, sociais e artísticas, com presenças de Embaixadores, Cônsules,
Deputados, autoridades em geral, sociedade e inúmeros artistas de fama como Emilinha Borba, Silvino Neto, Dupla Ouro e Prata, etc.
Durante anos, a atração da noite era o famoso Cláudio Todisco, acordenista internacional que, após a 2* Grande Guerra, veio da Itália para o Brasil e radicou-se nesta Capital.
De certa feita, quando de uma de suas vindas a Curitiba, para lecionar música e piano, o então Professor e Maestro Guilherme Fontainha (da Escola Nacional de Música/Rio), foi obsequiado por meu pai Heitor Stockler e irmã Marita com lauto jantar na Boneca do Iguaçu.
Momentos de alegria e descontraçao que o prof. Fontainha apreciou com entusiasmo. O show da noite a cargo de Cláudio Todisco e outros figurantes.
Destes, sobressaiu-se uma dupla simpática formada por Jorge Montalban (que por muitos meses pontificou por aqui) e uma cantora que não recordo o nome.
Com grande desenvoltura no canto e dança a dupla brilhou com sucesso com Vanidad (de Armando Gonzalez) e Flor de Manacá (de Juvenal Fernandes, se não me engano). Ao final, o Maestro Fontainha expressou-se que pela noitada tão artística e acolhedora (foi homenageado) levava de Curitiba, da requintada Boneca do Iguaçu, de Harry Feeken, Todisco e dos demais, lembranças das mais agradáveis e inesquecíveis.
Mais tarde, 1965, Harry Feeken, por motivos de saúde, vendeu a propriedade ao Sr. Arthur Urban, vizinho e proprietário do Frigorífico Urban.
Hoje, a fisionomia da área onde se localizava a Boneca do Iguaçu está toda mudada, descaracterizada. O tempo passou, mas muitos ainda se lembram dessa época dourada de Curitiba. E o nome de Harry Feeken, com justiça, marcou para a posteridade, E que a vetusta estrada de terra-batida junto à Boneca, e que indo pela esquerda em frente, ligava o estabelecimento às adjacências do Grupo Escolar de Afonso Pena, à cooperativa de Laticínios e à parte lateral do Aeroporto, agora está toda afastada e a região habitada.
Essa movimentada avenida de 1,8 km, por honra ao mérito, leva o nome de Harry Feeken, um homem de visão!
Apollo Taborda França, jornalista e membro da Academia Paranaense de Letras.
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