sábado, 12 de julho de 2014

Histórias do Paraná - Os curdos no norte do Paraná?

Histórias do Paraná - Os curdos no norte do Paraná?

Os curdos no norte do Paraná?
Ruy C. Wachowicz

Na década de 20, o Norte do Paraná quase foi transformado pelos ingleses da "Paraná Plantation" - a maior empresa
colonizadora da região -, num local de despejo para as populações curdas do norte do Iraque.
Os ingleses haviam encontrado petróleo naquela região iraquiana, a qual estava então sob a tutela inglesa.
Os curdos criavam muitos problemas para os ingleses, devido a sua tradicional agitação nacional.
Para aliviar essas pressões que ameaçavam os lucros que o petróleo prometia proporcionar, resolveram transferir
mais de 100 mil desses elementos para as terras da "Paraná Plantation" situadas no Norte do Paraná.
A "Casa Rothschild", a "Lazard Brothers", o príncipe de Gales e a Liga das Nações, pressionaram o governo de
Getúlio Vargas para que concordasse em recebê-los.
As negociações transcorreram em segredo, sem que os meios brasileiros de comunicação tomassem conhecimento.
Mas, em dezembro de 1933, o assunto transpirou.
Os advogados e intelectuais de Curitiba estavam reunidos em caráter permanente, pois era época de Constituinte.
Resolveram pois opor-se à chegada desses curdos, que por ignorância eram chamados de "assírios".
Dois meios de comunicação foram os mais usados contra essa imigração: a imprensa escrita e o microfone da Radio Clube,
PRB2, recentemente instalada em Curitiba e que era no momento uma verdadeira "coqueluche" popular.
A emissora era um das primeiras estações de transmissões comerciais instaladas no Brasil.
A rádio cedeu gratuitamente seus microfones e os advogados chamaram seu programa de "A Voz do Paraná".
Os curdos eram apresentados como sendo uma imigração indesejável.
Eram chamados de "párias", "raça sem fogões e sem altares", "salsugem da civilização", "lixívia da sociedade",
"elemento batido pelas histórias", etc., etc. Várias entidades em Curitiba, lideradas pelas sociedades operárias,
chegaram a organizar um "meeting" (termo usado na época para denominar comício) na praça Ozório.
Toda noite, um advogado era encarregado de palestrar no microfone da PRB2. A nível nacional, os causídicos paranaenses
aliaram-se à Sociedade dos Amigos de Alberto Torres.
Apesar do Ministro Salgado Filho já haver dado sua concordância para introduzir os "assírios", a própria "Paraná Plantation" desistiu do empreendimento.
Concluíram os ingleses que, estando a opinião pública contra a ação da campanha, o restante das terras no norte sofreria forte desvalorização.
Optaram pois em vendê-las em regime de pequena propriedade a agricultores de qualquer nacionalidade.
Safou-se pois o Paraná desse exótico empreendimento.

Ruy C. Wachowicz historiador eprofessor universitário


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