sábado, 5 de julho de 2014

Histórias do Paraná - O Itamarcrty e o quilômetro 65

Histórias do Paraná - O Itamarcrty e o quilômetro 65

O Itamarcrty e o quilômetro 65
Valério Hoerner Júnior

A construção do Palácio Itamaraty foi iniciada em 1851 na então chamada Rua Larga de São Joaquim, atual Marechal Floriano, no Rio de Janeiro.
De propriedade do primeiro barão desse nome, no batistério Francisco José da Rocha, situado quase na esquina do Campo de SantaAna, depois chamado da Aclamação e da Honra e hoje Praça da República, fora adquirido pelo recém instaurado governo republicano, em meados de dezembro de 1889, para servir de resistência ao chefe de governo.
Foi compra de porteira fechada, com tudo que havia dentro.
Somente em 1897, Prudente de Morais dali se retiraria para o Largo do Valdetaro no Bairro do Catete, Palácio Nova Friburgo, logo ficando este conhecido como Palácio do Catete e servindo para residência presidencial até 1960, quando da inauguração de Brasília porjuscelino Kubitschek.
O Dr. Rodrigo Otávio de Langaard Menezes (Campinas, SP, 1866 - Rio, 1944), jurista, escritor, diplomata, delegado brasileiro em inúmeras conferências internacionais, era em 1894, Procurador da República e foi convidado pelo presidente eleito para exercer o cargo de Secretário da Presidência.
De sorte que, no dia da posse, acompanhou Prudente de Morais ao Palácio presidencial — o Itamaraty.
Diz Rodrigo Otávio, pelas mãos de Gustavo Barroso em seu livro "História do Palácio Itamaraty", 1a e 2a edições em 1955 e 1968, que ao entrar identificaram lindas salas forradas de damasco, guarnecidas todas elas de ricos móveis de época, mas sem identidade alguma, marcas de uso ou coisas que valha. O único vestígio de vida encontrado fora, numa das salas dos fundos, um caixão aberto sobre belíssimo mosaico de madeira contendo jornais, papéis rasgados e um sem-números de garrafas de cerveja vazias... Tudo isso foi constatado pela multidão que, curiosa, assenhoriou-se do Palácio.
Inacreditável!
Conta então que, um dia, abrindo ali por simples curiosidade a gaveta do consolo de uma daquelas ricas salas, nela encontrou papelada em desordem, esquecida por certo quando da saída atabalhoada do Marechal Floriano Peixoto, antecessor do primeiro presidente civil da República.
Examinando-a, verificou tratar-se de preciosíssimos documentos, e, entre outros, justamente o inquérito militar sobre os fuzilamentos no Paraná, entre os quais o do Barão do Serro Azul, no Cadeado, quilometro 65 da ferrovia Paranaguá-Curitiba.
Sem demora, encaminhou-os ao Arquivo Nacional.
E, também sem mais delongas, sumiram todos os documentos enviados — e principalmente o inquérito -, tanto do Arquivo Nacional quanto do alcance público, pois nele, nessa cópia encontrada em 1894, recentíssima dos fatos e portanto ainda não manipulada, certamente estariam inseridas as provas sobre o mando do crime, este até hoje passível das mais exóticas e ingênuas conjecturas.

Valério Hoerner Junior é da Academia Paranaense de Letras.


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