quinta-feira, 10 de julho de 2014

Histórias do Paraná - De repente, a salvação

Histórias do Paraná - De repente, a salvação

De repente, a salvação
João Carlos Calvo

Uma noite, lá nos idos de 1959, os habitantes de uma pequena cidade do Norte do Paraná estranharam muito, porque, já nas imediações das 23 horas, um impertinente "ronco" de avião perturbava o silêncio de mais uma noite tranqüila da localidade.
Avião, àquela hora?
Algumas anormalidades estavam acontecendo.
Foi quando um dos moradores locais resolveu tentar descobrir o que estava se passando, já com alguma desconfiança do que fosse.
Como se relacionava com a Copei, solicitou que fossem apagadas as poucas lâmpadas existentes na iluminação pública.
Ato contínuo, ligou a bateria de seu veículo a um cabo elétrico, acoplado a um possante projetor. E lançou um fortíssimo jato de luz para o alto, muito destacado pela escuridão reinante.
Instantes depois, o avião, tal qual uma mariposa, "achegou-se" ao facho de luz, como sinal de que "céu e terra" estavam ligados no mesmo episódio.
Lá de baixo, o morador da cidade, com alguns conhecimentos de telegrafia e muitos de rádio amadorismo, começou a "telegrafar" uma mensagem, depois que o rádio da aeronave não respondeu às suas chamadas.
Dando sinais de luz, dizia mais ou menos assim: "aqui estação tal, não consegui contactá-lo pelo rádio, você está sobre a localidade X".
Logo em seguida, diminuindo a altitude, com a luz da ponta de uma das asas veio a resposta: - "Obrigado, amigo."
Isto acontecido, o ruído do aparelho foi sumindo aos poucos, até desaparecer.
Preocupado, o cidadão da pequena localidade ligou, telefonicamente, para Londrina.
Fez contato com um amigo, a quem contou a ocorrência, e pediu que ele se comunicasse com o aeroporto e verificasse se a torre de controle tinha alguma informação.
Logo depois veio a resposta. O avião havia pousado há pouco tempo, estando tudo na mais perfeita ordem, graças a sua intervenção proverbial. O comandante do avião tinha contado que havia se perdido, pelas razões que explicou aos técnicos do aeroporto. Não sabendo onde estava, pois os sistemas de orientação e rádio tinham se avariado, lutava, ainda, com a intensa neblina e já imaginava a necessidade de um pouso de emergência.
Por isso começou a "rodar", lá nas alturas, para gastar combustível.
De repente, a salvação!
Um cidadão "cabeça-fria" livrara aquele aparelho de uma provável catástrofe.
O comandante, por telefone procurou o "salvador" para agradecer: - "Muito obrigado, engenheiro Leoni Polatti, em meu nome, da tripulação e dos passageiros".
Este fato teve, na época, muita repercussão na imprensa nacional.
Serviu para divulgar, e muito, a cidade, ainda menina-moça, que era Apucarana.

João Carlos Calvo, engenheiro civil


Nenhum comentário:

Postar um comentário