quinta-feira, 24 de julho de 2014

Histórias do Paraná - Paulino faz 100 anos

Histórias do Paraná - Paulino faz 100 anos

Paulino faz 100 anos
George Roberto Washington Abrão

Campo Novo, Curitiba. 10h30 do dia 14 de novembro de 1893. O lar de Pedro Gonçalves da Silva e Izabel da Luz e Silva mais uma vez está em festa, com o nascimento de um filho, o quinto do casal.
Seu nome: Paulino Gonçalves da Silva, conforme registro n° 4.983, às folhas 166, livro n° 13 do Cartório do Io Ofício de Curitiba, confirmado pelo seu batismo, ministrado por Monsenhor Celso no dia 24 de fevereiro de 1884, na Igreja Matriz, atual Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba.
Vila do Pirahy, atual cidade de Piraí do Sul, em 09 de agosto de 1914. O jovem Paulino, agora com 21 anos de idade, desembarca do trem na pequena estação, vindo em visita a sua irmã residente no local.
Pirahy era um pequeno aglomerado de exatas 178 residências (conforme registros do próprio Paulino) sem luz elétrica, água encanada.
Porém, a beleza natural do lugar, encravado na Serra das Furnas, encantou o jovem recém-chegado. A visita, que duraria alguns dias, transformou-se em meses, os meses em anos e Paulinho nunca mais tomou o trem de retomo.
Conheceu uma jovem no local, Cacilda Wolmann, apaixonaram-se, e em 02 de outubro de 1920, casaram. A união duraria 60 anos, até o Senhor chamar Cacilda de retorno a sua morada.
No início de sua vida em Piraí do Sul, Paulino trabalhou como sapateiro até seu casamento, quando deixou o oficio, montando uma pequena industria de gasosa: "Primavera". De excelente qualidade, logo conquistou grande clientela.
Porém, como a garrafa utilizada possuía um sistema alemão de fechamento, contendo uma bolinha de vidro no gargalo, os meninos quebravam as garrafas para jogar gude com as bolinhas.
Quase quebram, também, a pequena empresa, pois as garrafas eram caras e difíceis de adquirir.
Paulino resolveu então mudar seu ramo de negócios.
Montou uma casa de frutas, comprou uma pequena carroça, com a qual também comerciava na zona rural, comprando lenha e revendendo para a rede ferroviária.
Tempos depois foi nomeado para a função de auxiliar de tesouraria na Prefeitura Municipal, aposentando-se como escriturário em 1996.
Na vida política, Paulino foi vereador por 32 anos, de 1951 a 1983, atuando ativamente desde o primeiro até o oitavo mandato para o qual foi reeleito, marcando profundamente os anais da Câmara de Vereadores piraienses pela sua honestidade, atuação profícua e vigor.
Depois de aposentado e afastado da vida pública pensam que ele se acomodou? Que nada! Pelo gosto de andar, ver amigos, conversar, Paulino assumiu a distribuição de jornais, os quais entregava de porta em porta.
Tinha então 90 anos.
Aos 95 ainda continuava na lide, quando foi motivo de reportagem de televisão.
Hoje, já bisavô de Larissa e Felipe, Paulino continua fazendo o que mais gosta: caminhar diariamente pelas ruas de sua querida Piraí, cumprimentando a todos, sempre disposto a uma boa prosa. Não há na cidade quem não o conheça e estime.
Invejável Paulino! Nesta data memorável, 14 de novembro de 1993, um século o saúda e o povo piraiense o reverencia.

George Roberto Washington Abrão, economiário residente em Piraí do Sul


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