Histórias do Paraná - Quatro histórias de futebol
Quatro histórias de futebol
Ernani Buchmann
O Colorado iria jogar em Ponta Grossa.
Para economizar o dinheiro do aluguel do ônibus, a diretoria dividiu a delegação nos carros dos diretores.
Ao diretor-financeiro do clube, Ivo Bordinhão, coube um reparte de quatro craques, todos gaúchos.
Iam com ele o goleiro Negri, o meia Torino e os pontas Ortiz e Galeno.
Bordinhão não acreditava muito no time, que achava mais apto a disputar o campeonato do Rio Grande que o nosso, mas, como bom torcedor, aceitou o sacrifício.
A viagem de ida foi calma e silenciosa, com os jogadores concentrados na partida. O resultado não decepcionou: o time ganhou do Operário por 4X0. Na volta, descontraído, Bordinhão resolveu pegar um gancho na conversa dos jogadores para fazer uma confissão:
- Olha, parabéns pelo jogo. E se eu estou elogiando é porque gostei mesmo.
Todo mundo sabe que se eu tivesse alguma influência na direção de futebol vocês não seriam jogadores do Colorado.
O ponta Galeno não perdeu a deixa:
- O senhor não se preocupe, seu Bordinhão, porque se a gente tivesse alguma influência junto à diretoria o senhor também não seria o homem do dinheiro.
Em Maringá, era costume os jogadores do time reunirem-se depois do jogo em um bar, localizado em cima da Rodoviária.
Certo domingo, depois de uma vitória, o central Virgílio, famoso por haver batizado o desodorante 1010 de Ioiô, ia chegando quando foi chamado por um diretor do clube, sentado em tomo de uma mesa onde não faltavam a cerveja e o aperitivo:
- Prochegue-se, Virgílio.
Venha aqui comer conosco.
E o Virgílio, puxando uma cadeira e servindo-se de uma azeitona:
- Então vou aceitar um conosquinho desses.
A azeitona também foi protagonista de outra história.
Melhor: o Azeitona, jogador e capitão do Jandaia, No velho estádio Orestes Thá os jogadores iam saindo do gramado, depois de um jogo em que o Água Verde tinha dado uma sova de 4X0 no time do Norte, quando o repórter Dias Lopes resolve perguntar ao capitão Azeitona como ele justificava aquela goleada. A resposta foi um primor:
- Nós mandamo no jogo, atacando o tempo todo e eles só ganharam porque fizeram quatro de cagada.
O Caramuru de Castro teve um período em que parecia ter fixação por nomes petrolíferos.
Jogaram por lá, em anos e posições distintas, craques inesquecíveis como Gasolina, Querosene, Amarelinho e até um Misturado.
Pois esse Misturado, em quem ninguém jamais havia prestado muita atenção, um dia resolve jogar tudo o que não sabia, contra o Primavera.
Pela primeira e única vez, foi considerado o melhor jogador em campo. E ao ouvir do repórter que havia ganho o motorádio de praxe, não se conteve:
- Eu, o melhor em campo? Não, isso é modéstia à parte do senhor.
Ernani Buschmann, publicitário
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