segunda-feira, 21 de julho de 2014

Histórias do Paraná - Rosas de Curitiba

Histórias do Paraná - Rosas de Curitiba

Rosas de Curitiba
Beatriz de Quadros Ribas

Eles estavam de passagem.
Eram jovens saudáveis, vindos de Estados do sul em plena crista da revolução da Aliança Liberal.
Corria o ano de 1930. Ficaram aquartelados na Sociedade Juventude à rua Carlos de Carvalho.
No garbo de seus uniformes oficiais, gozavam do prestígio da farda, e sua postura ereta e da hierarquia superior de seus postos.
Era época do brilho social dos tenentes e aspirantes.
As moças da vizinhança, florões de beleza e juventude, se entusiasmaram e vinham para a calçada conversar e rir com os jovens oficiais.
Como nunca, a quadra da rua Carlos de Carvalho teve o seu toque de alegria e elegância.
Por uns dias, só se ouvia falar dos oficiais e suas proezas.
Eram as moças do grupo dos 16 e 18 anos.
Eu pertencia à turma dos 10 e 11 anos, que ficava de espreita vendo o outro grupo se movimentar.
Chegou o dia da partida.
Os preparativos começaram no dia anterior.
Nossa casa, como todas as casas da época, tinha um jardim na frente e outro lateral. A predileção de meu pai era pelas roseiras, que cultivava com carinho.
Eram roseiras de diversas espécies, tamanhos e cores: Rainha Elizabeth, Charlotte, Príncipe Negro, Bisqui, Durski, esta de cor branca e rosa, e outras, cujo nome não recordo.
O jardim na oportunidade estava lindo e florido.
As moças indo e vindo alvoroçadas.
Os oficiais preparando seus comandados em grupos, para marcha, que seria a pé até a estação ferroviária.
Todos os moradores sairam de suas casas para assistir a partida.
As jovens casadoiras, na calçada, aplaudindo diziam: "Palmas aos heróis, palmas aos heróis". Parece que estou a ver a cena novamente.
Em grupo, as jovens se aproximaram para falar com papai: pedir-lhe rosas para oferecer aos oficiais.
Foi solicitada uma tesoura. Lá fui eu buscá-la.
As rosas todas foram cortadas com carinho e entregues às mocas, cujos olhos brilhavam de alegria.
Das mãos das belas jovens foram as rosas para as mãos dos oficiais, que as colocaram no cano dos fuzis.
Eles fizeram continência.
Deram ordem de partida.
As moças bateram mais palmas.
Todos na calçada as acompanharam e os pelotões seguiram, levando em seus fuzis rosas de Curitiba.
Naquele momento, as rosas simbolizavam a alegria, a juventude, a esperança e o adeus de jovens curitibanas.

Beatriz de Quadros Ribas, professora aposentada e membro do Centro Paranaense Feminino de Cultura.


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